MORADORES EM “SITUAÇÃO DE RUA” UM GRUPO HETEROGÊNEO?


Por Graciano Caseiro

Pessoas que passam dias e as noites dormindo nas ruas, sob marquises, nas vielas da vida,  nas praças, em casas abandonadas, embaixo de viadutos e nas pontes são consideradas pessoas de populações em situação de rua.

Além desses espaços desleixados, também são utilizados locais degradados, como prédios e casas abandonados e carcaças de veículos, que têm pouca ou nenhuma higiene. Os “moradores de rua” são um grupo heterogêneo, isto é, pessoas que vêm de diferentes vivências e que estão nessa situação largados pelas famílias, ou pelas drogas, pelas mais variadas razões e questionamentos que pretendo fazer com que mais pessoas possam nos ajudar a mudar a história desse povo "jogado aos lobos".
Há fatores, porém, que os unem: a falta de uma moradia fixa, de um lugar para dormir temporária ou permanentemente e vínculos familiares que foram interrompidos ou fragilizados pela descaso das autoridades de assistência social.

QUE FATORES LEVAM À SITUAÇÃO DE RUA?
Quando falamos sobre pessoas ou populações em situação de rua, sabemos que há particularidades na condição de várias delas e cada uma pode ter tido um motivo particular ou razões que vieram a determinar sua vida nas ruas; mas há também questões em comum entre essas pessoas, que são repetidamente vistas em muitos casos, com o objetivo de quantificar e qualificar todos esses fatores. Quanto aos motivos que pesquisamos nos levam as pessoas a morar nas ruas, os maiores são: alcoolismo e/ou uso de drogas (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%).
Das pessoas entrevistadas, 71,3% citaram ao menos um dos três motivos e muitas vezes os relatos citam motivos que se correlacionam dentro da perda de emprego, uso de drogas e conflitos familiares. Apesar de não ser muito comum, existem pessoas que escolhem por viver nas ruas, também de acordo com a pesquisa. Embora os principais motivos sejam, por vezes, violências e abusos domésticos ou desentendimentos dentro da família, afirma-se que existe um grau de escolha própria para ir para a rua”. A explicação obtida na pesquisa é de que “essa escolha está relacionada a uma noção (ainda que vaga) de liberdade proporcionada pela rua, e acaba sendo um fator fundamental para explicar não apenas a saída de casa, mas também as razões da permanência na rua”.


QUEM SÃO OS MORADORES DE RUA?
É importante ressaltar um ponto: é bastante difícil quantificar o número de pessoas nessa situação na cidade maravilhosa, especificamente em Campo Grande, pois a maioria dos censos leva em conta o local de moradia das pessoas e as que estão em condição de rua não têm essa constância, o que atrapalha a realização de pesquisas, contabilizações e afins, possível obter dados sobre essa população na nossa comunidade  – e apesar de ser de 2015, é a pesquisa mais abrangente e completa que há até 2018, que leva em conta todo o bairro de Campo grande e adjacências. Dessa forma, foi possível traçar um perfil das pessoas que vivem nas ruas: qual o seu gênero, sua idade, sua cor de pele, sua situação econômica…
O primeiro ponto a ser ressaltado: a imensa maioria de quem vive nas ruas são homens, mulheres e jovens. Do total dessa população, 72% é masculina, 28% é feminina. De toda a população masculina, a maioria é jovem: 15,3% são homens na faixa etária dos 18 aos 25 anos. A faixa da idade com o maior número de homens em situação de rua é a dos 26 aos 35 anos, com 27,1%.

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