sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

DELÍCIA É A CORAGEM DE RECOMEÇAR COM O MESMO SABOR


Conta-se que um respeitável homem do campo, produtor rural de 75 anos, verdadeiro sustentáculo de tradições da roça, tinha um adorável netinho de 10 anos. Homem rígido e acostumado a posições irrevogáveis (afinal, seus brancos fios de bigode sempre acobertaram uma boca que "jamais" deixou de honrar a palavra dada), entretanto se dobrava a "quase todos" os pedidos deste garotinho mimoso e cativo da roça.

Eis que, entretanto, uma bela tarde desse dia, o lendo do meninão, que conhecia o horror do avô por um cardápio de quiabo (embora soubesse também que ele jamais experimentara o sabor do mesmo) lhe pede para que experimente "pelo menos uma colherzinha", daquele guisado que ele adorava e que lhe doía ver que o avô se privava.
Ao que o quase octogenário e respeitoso senhor lhe responde "Sabe querido? Meu adorável netinho não pode o se avô atendê-lo, e você há de me compreender! Se vovô atende o seu pedido, ele corre dois riscos: o primeiro é que eu acho que isto de fato vai até me fazer mal, veja só um quisado de quiabo com galinha da roça, pois não me parece bom o sabor. O segundo é que, caso o vovô goste do sabor, ele vai ter que assumir que tá quase nos oitenta anos de erro!”
Assim conta a história, que verdadeira ou fictícia, retrata bem o comportamento de muita gente, em todas as idades, como o seu avô ta indo na sua vida.
È óbvio que o maior risco era o segundo. A dificuldade de recomeçar em um novo caminho, se prende principalmente à necessidade, que a isto se antecipa: reconhecer que havia um engano na posição anterior.
Mudar, de fato não é fácil. Experimente fazer um novo trajeto, por exemplo, para chegar até sua casa. Um horror! As dificuldades (desconhecidas, é claro), se nos afiguram mil vezes piores do que as anteriores (do conhecido).
Enquanto isso, a vida passa. E nós que temos um sol renascendo todos os dias no horizonte, vamos perdendo a oportunidade de fazê-lo também.
No Livro de Provérbios 14.12 que fala: “Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte”. Aqueles que têm como alvo conquistar para si mesmos os melhores lugares desta vida estaria erigindo seu próprio reino, e não o Reino de Deus.
Não existe maneira melhor de fazer isto do que meditar sobre o que se faz. Decida-se a agir assim e pondere as promessas feitas àqueles que agiram dessa maneira.
É lamentável, pois isto nos tira o valor maior da possibilidade de evolução humana, papel que ao que parece ser o fundamental da espécie. Tomemos por exemplo, o modelo de um cão o meu amigo sansão de 4 anos de idade: se mil vezes um ônibus passa por perto, mil vezes ele correrá atrás, num esforço inédito de alcançá-lo. O cômico é que, se, entretanto o ônibus para ele sem dúvida recuará, desorientado com "o que é que ele vai fazer, com este ônibus"!
Mas isto não o impedirá de correr atrás do próximo ônibus que vier. Refazer um comportamento pela inutilidade da ação, não é de sua natureza irracional. Ora, quando insistimos num comportamento, apenas porque sempre agimos assim, nos tornamos similares ao cão sansão.
Somos humanos e é por isto que temos o Direito (senão o dever), de crescer todos os dias! Posso deixar vícios prejudiciais, posso alterar caminhos tortuosos, posso aprender a ser melhor, todos os dias. Entretanto, só eu posso decidir por este renascer diário. É fácil entender porque qualquer tratamento para mudança de comportamento não funciona, enquanto as próprias pessoas não fizerem essa opção.
Como conseqüência, até a felicidade é fruto de nossa decisão de sermos felizes. Já notaram como existem pessoas que fazem "opção" pela infelicidade?! Têm vergonha de serem felizes! Como é que vão explicar para o mundo que sempre as viu taciturnas e mal humoradas, que agora são sorridentes e alegres?
Não perca, pois a oportunidade de crescer todos os dias e de buscar o seu recomeço sem medos. “Qual dentre vós é o pai que se o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra?” Lucas 11.11
Você verá que é esta Palavra Sagrada é a verdadeira delícia de se viver.

Graciano Caseiro – Radialista, Escritor e Divulgador Cultural

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